quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Uma marca ou um mito? Harley Davidson.

Mais uma marca mitológica do mundo do consumo internacional cede a realidade da nossa economia e se instala no Brasil. Estou falando da Harley Davidson.

A empresa tinha um acordo de representação com o Grupo Izzo, mas não queria deixar o fantástico mercado de motocicletas do país sem seu total controle.

Chega cheia de planos: nova fábrica em Manaus, fazendo sua capacidade de produção pular de 12 para 20 mil unidades por ano, novo armazém de distribuição próximo de São Paulo, seu principal ponto de venda e a abertura de uma nova rede de concessionárias que, até o fim desse ano, já deve contar com 10 revendas.

Quando se fala em Harley Davidson o que vem a cabeça das pessoas supera o mundo das motos. Trata-se de uma das marcas que melhor sabe empregar os conceitos de branding, criando um estilo de vida, que apaixona e comanda desejos por todo planeta.

Não é por acaso que a empresa planeja abrir também uma rede de butiques da marca, pois os acessórios que caracterizam o jeito de ser da tribo é um dos maiores objetos de desejo dos seus fieis e apaixonados consumidores.

Se você acha que estou exagerando ao definir a HD como um mito, me responda a pergunta: que razão teria dezenas de milhares de pessoas tatuarem em seu próprio corpo uma marca comercial? Só muita identificação, desejo e paixão. Só o branding pode criar essa relação.

Welcome, Harley Davidson.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Redes sociais, a melhor defesa do consumidor.

A sociedade tomou uma série de medidas no sentido de criar defesas para o consumidor moderno, elo fraco nas relações comerciais com empresas cada vez mais poderosas e com grande capacidade de articulação.

Diante da falta de atenção que as autoridades sempre tiveram às pequenas causas, foram surgindo novas opções como os institutos de defesa do consumidor, o CONAR, depois o Código de Defesa do Consumidor.

Mas nada disso parece tão eficiente para atender a esse objetivo quanto as redes sociais. Essas são muito mais eficientes, pois atingem as empresas naquilo que têm de mais valioso: sua reputação. E isso tem impacto direto em todo investimento de marketing que a empresa faz. E, no passo seguinte, ataca suas vendas. É uma bomba atômica de efeito retardado.

O problema é que as empresas parecem que ainda não entenderam a força do ataque e a fragilidade que tem sua imagem institucional.

A mais recente bomba foi a ocorrida entre um senhor, comprador de uma geladeira Brastemp de 3 mil reais e que ficou sem ela funcionar na sua casa por 90 dias. Tentou de todas as formas se entender pelos caminhos normais com a empresa. E só ouviu disparates, um deles de um serviço autorizado que disse que a solução custaria mais do que o preço da geladeira.

Indignado, o consumidor fez um vídeo amador e postou no You Tube. Ainda colocou um título criativo: “ Não é uma Brastemp “. Vá lá e assista

O filme já foi visto por mais de 400 mil pessoas. Para atingir esse número, o consumidor usou seu twitter e divulgou seu problema e sua reclamação.

Pronto. Fez-se a mágica. A Brastemp acertou tudo com ele e fez um comunicado muito civilizado dizendo da importância de cada consumidor e o quanto aprendeu com o triste episódio.

Se você tem um negócio, fique de olho. Não deixe nenhuma crítica ou reclamação do seu consumidor sem uma resposta adequada. Essa á regra do jogo para essa nova década.

Reafirmo: você ainda vai ler livros no seu tablet!

Em outubro de 2009 foi lançado o Kindle, o primeiro e-book que o consumidor poderia comprar. Uma maquininha maior que o celular e menor que o computador, em que as pessoas poderiam comprar livros já digitalizados e ler como se fosse um livro de papel.

As críticas foram muito grande contra o lançamento. A maioria delas falava que aquilo era um absurdo, que perderia o glamour da leitura, que o papel é sagrado, etc etc.

No meu blog Marketear por Luis Grottera escrevi elogiando muito o lançamento, lembrando que aquele era apenas o primeiro produto de uma série que viriam e desafiei meus leitores: aposto que um dia você vai ter um.

Recebi respostas por todas as vias, twitter, facebook, no próprio blog e até alguns amigos se sentiram indignados.

Apenas um ano depois, bingo: a Amazon acaba de divulgar que para cada 100 livros de papel que foram vendido, vendeu 115 livros no formato digital. Claro que essa estatística é parcial, afinal a Amazon não representa o mercado todo. Pelo contrário, é uma loja que atende a um determinado tipo de público.

Mas é um dado significativo. É um sinal.

Não tem como o livro digital não ter uma grande expressão em vendas. Não se trata da leitura de seu livro de cabeceira. Como diz um amigo, livro bom merece ficar na sua estante. E eu concordo com isso.

A questão é não esquecer que existem livros didáticos, livros profissionais, de consulta, de pesquisa. Nesse tipo de livro o e-book será incoparavelemente mais eficiente.

Por isso, reafirmo. Prepare-se. Na sua casa ainda vai ter um leitor de livros digitalizado.

2011. Começa uma década fascinante.

Texto publicado no Webinsider \ 29 de setembro de 2010, 15:00

As áreas de marketing e comunicação vão ganhar mais importância porque a sociedade com quem vamos nos comunicar para fazer negócios será mais exigente e sofisticada.

Logo após o estouro da crise financeira do sub-prime, Nancy Pelosi (democrata e presidente da Câmara dos Representantes norte-americano) mandou um verdadeiro torpedo para o mundo financeiro: “the party is over for Wall Street”.

O tal “mercado” globalizado tinha virado um gigante cassino. De lá para cá, temos assistido um vagaroso e dolorido processo de reconstrução.

A última tentativa de manter o status-quo foi o imoral pagamento dos bônus aos gênios da AIG. Diante do sofrimento com a ditadura estabelecida pelos crupiês financeiros globais, a sociedade reagiu prontamente e confirmou a ordem da Sra. Pelosi: a farra acabou, babies!

Para o Brasil o timing daquela crise foi um desastre. Nunca os cenários macro e micro-econômicos assim como o global e o local estiveram tão sintonizados com uma clara indicação que teríamos mais três ou quatro anos de crescimento vigorosos. Experiência que desde a década de 70, com a ditadura militar, não tivemos o prazer de experimentar.

Uma sociedade sem crescimento adoece, os planos de vida perdem luz, o empreendedorismo desaparece e a insegurança (pessoal e social) domina. O oposto do que se via por esse país afora nos últimos dois a três anos. O brasileiro comum estava feliz, voltando a ter planos na vida. Milhões adentravam a classe C.

Havia um consenso entre as autoridades econômicas e opinion makers globais que o Brasil ia sair da crise proporcionalmente maior do que entrou. E foi o que aconteceu. Temos uma fantástica expertise em crises. E pela primeira vez, enfrentamos uma crise vendo as coisas pelo lado de cima.

Há confiança (talvez até esperança) no mercado brasileiro, nossas empresas estão proporcionalmente bem posicionadas. Em todas as “crises dos planos e moedas” que passamos, nossa missão era sobreviver. Agora estamos na ofensiva. É uma oportunidade de recuperar a famosa década perdida em 90.

Pressão por resultados

Presidentes de empresas e profissionais de marketing estarão arquitetando nos próximos meses decisões que terão reflexos diretos na atuação de seus negócios na próxima década inteira. Orçamentos ainda muito mais apertados, exigências por resultados de curto prazo, pressão de toda empresa por decisões conservadoras, nada deve subjugar a relevância da manutenção das intenções de médio e longo prazo.

Mais do que nunca teremos que nos dedicar a aumentar a eficácia das atividades de marketing. Pós-crise as áreas de marketing e comunicação ganharão ainda mais importância. Por um único motivo: a sociedade com quem vamos nos comunicar para fazer negócios será ainda mais exigente e sofisticada. Técnicas simples e eficientes de novos apelos de consumo através da simples sedução terão baixo retorno.

Quase tão importante quanto isso para boas relações entre o consumidor e a marca, serão os movimentos em defesa do meio-ambiente e de exigência de responsabilidade social por parte das empresas. Esse será o preço a ser pago pelo mundo dos negócios por toda farra da crise financeira. O mundo real agradece.

Aqui cabe uma reflexão sobre o comportado comportamento das empresas. As estruturas e os pensamentos vigentes em marketing e comunicação terão capacidade para enfrentar o que a mudança do mercado exigirá? Tenho dúvidas. Especialmente para a grande maioria das marcas que ainda atua de forma antiquada.

O momento é altamente favorável para se pensar fora da caixa. É preciso rever a importância estratégica desses temas dentro da empresa, o formato, os fornecedores, os sistemas de trabalho.

A comunicação em muitos canais

A nova relação com a sociedade de consumo exigirá ainda mais pluralidade e diversificação na comunicação. Isso significa que aumentar a integração entre os vários canais de comunicação que sua marca já utiliza, será uma necessidade ainda maior. Isso será mais fácil para as empresas que tenham um entendimento mais profundo sobre a importância do branding na sua gestão empresarial.

O branding será a alma do negócio na próxima década. Pois como metodologia de gestão empresarial é mais abrangente, mais sofisticada, com impacto mais amplo e profundo no negócio da empresa e mais condizente com um mercado plural que imperará na sociedade pós-redes sociais.

O sofisticado mercado de comunicação brasileiro oferece uma ampla oferta de opções para se arquitetar soluções estratégicas de comunicação diferenciadas, criativas e eficazes. Mas também é verdade que esse mercado que perdeu a dianteira no que se refere a implementação de técnicas de branding modernas.

Repense sua estratégia de marketing atendendo as necessidades de curto-prazo, mas priorizando o quem vem pela frente. Redesenhe de uma forma profunda e abrangente a atuação da sua empresa para fazer sentido com os novos tempos.

Os anos que vêm pela frente trarão desafios profissionais de grande excitação. Será uma década inesquecível. [Webinsider]