quarta-feira, 30 de maio de 2012

COPA: revolução no futebol Brasileiro?

A Copa do Mundo de 2014 terá vários impactos no Brasil. Um deles é a pressão que vai gerar em todo o mundo do futebol brasileiro.

O nível de profissionalismo e de investimentos que um evento desse porte deixa no setor, acaba por exigir da administração dos clubes uma nova conduta. Meia dúzia de times que comecem a adotar medidas com competência administrativa, já são suficientes para começar uma revolução no futebol.

Parece uma heresia para os apaixonados que amam discutir jogadores e criticar técnicos, mas o fato é que nada acontece com os clubes enquanto não adotarem eficácia profissional na sua gestão.

Prestem atenção nos detalhes e avalie a performance do Santos, do Corinthians, do Internacional, exemplos entre os que se destacam e ganham mais espaço em função da boa administração e que, em compensação veja o futebol do Rio, que continua vivendo só de ciclos e momentos, ou o Palmeiras não se acerta há anos fruto da péssima conduta de seus dirigentes.

O São Paulo é um ótimo exemplo. Viveu um momento de glória na década de 90 e até os primeiros anos do novo século. Mas deixou de ser um time de ponta quando a administração saiu dos trilhos e vive uma fase de culto a personalidade na sua presidência.

Torcedores, se quiserem que seus times ganhem campeonatos, discutam menos os craques e mais os dirigentes. Com certeza é mais chato, mas é muito mais eficiente.

Mas os times não faturam muito pouco?

A falta de dinheiro, eterna desculpa de dirigentes incompetentes, já não cola mais. Segundo a consultoria BDO, o faturamento dos 20 maiores clubes brasileiros cresceu 27% em 2011. Estamos falando de um valor 2 bilhões de reais só nesse grupo.

Trata-se de um valor de grande significado econômico, o que torna cada vez mais importante que associados e torcedores dos clubes de futebol tenham participação direta e objetiva sobre a administração desses valores. É preciso mais: fiscalizar mesmo, afinal no Brasil os clubes não são propriedade privada de ninguém. Portanto é de todos.

Quem vota para definir o administrador do clube?

Uma importante constatação sobre esse aspecto tem a ver com qual a origem desse faturamento. Apenas 13% do total do valor vem da atividades sociais do clube. 87% tem origem nas atividades do Departamento de Futebol.

Aqui há flagrante equívoco na estrutura entre a entrada do dinheiro e a divisão do poder dentro dos clubes de futebol. Quem decide e vota a diretoria do clube são apenas os associados, uma quantidade ínfima em relação ao de torcedores.

Vamos aos números. A torcida dos grandes times de futebol de SP conta-se em milhões de pessoas. Entre 15 e 30 milhões para cada. O número de associados dos clubes varia entre 30 e 40 mil pessoas. Mas desses, com direito a voto, o número reduz para 10 a 15 mil. E normalmente a eleição acaba tendo a presença de 3 a 5 mil. Ou seja, pra cada 10 mil torcedores, apenas 1 vota. O que é ridículo!

A quem interessa isso? Exclusivamente aqueles que querem se perpetuar no poder na direção dos clubes e administrando milhões de reais que não lhe pertencem.

A solução para isso é a imediata adoção do sistema de Sócio-Torcedor com direito a voto, ou seja, pessoas que pagam para se associar ao clube, pagam pouco, porque não tem direito ao uso das dependências sociais do clube, mas que tem direito a participar dos destinos políticos do clube, pois votam pra diretoria e pro presidente.

E como vai a performance econômica dos principais times?

O primeiro destaque a se fazer tem a ver com a dívida dos clubes. Apesar do aumento de faturamento geral, todos os clubes continuam sendo administrados de forma irresponsável. Tecnicamente falando, boa parte está e situação falimentar.

O Corinthians continuam dando um passeio. Seu faturamento é de quase 300 milhões de reais por ano, com um crescimento de 37% sobre 2010. Os direitos de imagem negociados com a TV representam quase 40% dessa receita. Apesar da brilhante gestão na área de marketing, sua dívida é de quase 60% da receita e cresceu 46%.

O segundo é o São Paulo, com 230 milhões de faturamento. Um crescimento bem inferior ao do Corinthians, 16% e uma dívida com um crescimento megalomaníaco de 68%. Um dado interessante, é a boa administração que o clube faz do Morumbi, que sozinho significa 18% do dinheiro do clube.

Internacional, que vem se destacando, é o 3o colocado, Santos é o 4o e também o único que reduziu sua dívida em 2011, Flamengo é o 5o lugar em faturamento, mas com uma dívida que é o dobro da receita. O Palmeiras, meu time do coração, está ladeira abaixo também no dinheiro. Caiu 2 posições e está em 6o lugar.

Como qualquer empresa do mundo, essas indicações da situação econômica dos clubes têm reflexo direto naquilo que produzem. Times mais ricos, com maior faturamento e boa administração têm mais chance de pagar, contratar e estimular seus atletas e comissão técnica. Por isso torcedor apaixonado que me ouve, se vc quer mais vitórias e conquistas esportivas, tenha atenção com a administração do clube.

Essa não é parte gostosa de torcer para o futebol, mas é mais decisiva do que xingar a mãe do juiz ou pedir a cabeça do técnico.





PS.: minha eterna homenagem a logomarca da Copa 2014, um péssimo exemplo do que o design tupiniquim pode produzir.




PS2.: 1 hora depois desse post, recebi um mail de um dos mais brilhantes dirigentes do futebol brasileiro (sim, eles existem. poucos é verdade...), afirmando: "Só um reparo: Botafogo e Fluminense tem gestões impecáveis, tanto o Mauricio como o Peter são de primeira."

domingo, 6 de maio de 2012

Burocracia, um câncer que virou oportunidade.

O mundo dos negócios tem características peculiares. Há sempre alguém pronto a aproveitar uma oportunidade para ganhar dinheiro.

O excesso de burocracia é um câncer para a nossa economia. Na pesquisa desse ano do Banco Mundial sobre o tema, o país ocupou a vergonhosa posição de nº 129, atrás de nações bem menos desenvolvidas, como a Nicarágua. Já o México – país com PIB e condição de desenvolvimento semelhantes aos nossos – ficou na posição 51, superando o Brasil em todos os tópicos analisados.

O custo dessa burocracia não é só o que cada empresa paga de impostos e taxas. É tudo tão mal feito, mal planejado e sem lógica, que empresas grandes mantém departamentos de até 15 pessoas, exclusivamente para cuidar desse tema. É o famoso caso de se criar dificuldades, para por baixo dos panos, se vender facilidades.

Pronto! Este cenário é perfeito para uma nova oportunidade de negócios. Há 70 empresas no Brasil que tem como função exclusivamente arquivar documentos das empresas. Elas somam 1,2 bilhão de reais em faturamento. Atenção: eu falei bilhão!

Só em SP essas empresas armazenam 15 milhões de caixas, dos quais 90% nunca serão requisitados por ninguém.

Está aí uma prova definitiva de que no mundo dos negócios, aonde houver um limão, há sempre chance de se fazer uma limonada.



ps.: foto de uma ótima matéria de VEJA: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/burocracia-excessiva-impoe-perdas-as-empresas-no-brasil

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Josephine, um caso de BRANDING.

Na Vejinha me deparei com uma matéria cujo título era “Quem ficará com Josephine?”. De cara pensei que fosse mais uma pentelha, com a tal da Luiza que estudava no Canadá. Não era.

Tratava-se de uma questão interessante. O proprietário de um restaurante em Moema de nome Josephine está muito bravo com outra pessoa,
que abriu uma balada no Itaim usando o nome ... Josephine.
E isso rendeu uma ação judicial.


Segundo a matéria, o dono da Josephine restaurante enlouqueceu porque o veridito da justiça definiu que a balada não prejudica o restaurante.

Não precisa se dizer que o criador original do nome enlouqueceu.
Mas do meu ponto de vista, ele está equivocado.

Primeiro porque uma marca se registra.
Se vc quiser que sua marca não seja copiada por ninguém na sua categoria de mercado,
vc paga por isso. Porém se for para todas as categorias de mercado, paga muito mais.

O dono do restaurante não pagou.
Mas queria levar a exclusividade a partir de conceitos de branding.
Raciocina ele que seu negócio poderia ser prejudicado se por exemplo acontecesse algo de grave na Josephine da balada.

Pensar assim é um erro de branding. O mesmo nome, escrito de forma diferente, cor e símbolos diferentes e numa outra categoria, cada um com sua essência, valores e visão formam uma MARCA única e exclusiva, com resultados não comparáveis.

E é isso que faz a diferença. Nessa ... o juiz marcou um gol!



ps.: Exibidas nesse texto as duas marcas. Analise como são implicitamente diferentes e remetem a valores completamente distintas.