terça-feira, 30 de março de 2010

A ascensão dos negros no Brasil.

Em 1995, presidia meu grupo de agências, de nome Grottera Comunicação Multidisciplinar e acumulava função de VP de Planejamento, minha eterna paixão. Liderei pessoalmente um estudo de mercado e pesquisa, que teve uma grande repercussão no Brasil. De nome: “Qual é o pente que te penteia?”, tinha por objetivo colocar luz no potencial econômico e de consumo dos negros no Brasil.

Sonhava com a hipótese de provar a existência de uma classe média de negros já significativa no mercado. Contei com a importante colaboração da revista RAÇA.

A conclusão não poderia ter sido mais eloquente.
Naquele momento, o número já era marcante: 1,7 milhões de famílias negras, com bom nível de escolaridade, renda familiar média de dez salários mínimos. 7 milhões de indivíduos negros inseridos na classe média. Uma multidão desejosa de se ver representada na publicidade e comprar produtos específicos voltados para sua estética e necessidades.

O trabalho caiu como uma bomba no mercado. O Brasil vive uma falsa e hipócrita fantasia que o país é uma democracia racial. Trata-se de um mito. Temos um convivência de paz e harmonia. Mas nunca tivemos uma
conduta similar na distribuição mais igualitariamente a riqueza e a qualidade de vida. Quando provei a existência de 7 milhões de pessoas de bom poder aquisitivo, que formam um segmento com características próprias, trouxe a tona uma visão nova do problema.

A pesquisa teve cobertura de todos os grandes jornais do Brasil, o Zeca Camargo me entrevistou no Fantástico numa matéria que teve 12 minutos no ar, rádios jornalísticas todas. Veja e Exame pautaram o tema. Tanta estupefação era a prova definitiva do preconceito. Fui convidado a falar em 7 diferentes ambientes de debates da comunidade negra. Em quase todos, 'apanhei' muito: eu era o branco, publicitário e que queria abordar a igualdade a partir do ponto de vista capitalista.


Valeu a pena. Foi um momento estimulante da minha carreira. E fico muito feliz de ter destampado a panela.


Neste final de semana, o Estadão publicou números recém divulgados da pesquisa do economista Marcelo Neri da FGV, sobre o mesmo tema. Os resultados são motivo para muita comemoração. Demos um salto enorme na participação dos negros na economia brasileira nos últimos 15 anos.


Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), mais da metade dos negros brasileiros (53,5%) pertencem hoje à classe média, incluindo a classe C, a nova classe média popular.

Quer mais algumas boas notícias? Segundo os Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets),entre os 10% mais ricos do Brasil, 1 em cada 4 chefes de família é negro ou mestiço. E entre os 1% de riquíssimos brasileiros, a proporção de chefe de famílias negros ou mestiços subiu de 9 para 15%.

Para o pesquisador do Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), André Urani, essa melhora relativa de renda de negros e mestiços nada tem a ver com as políticas de cotas. "Se, de fato, como parece, isso não se deve à política de cotas, então está aberto um campo gigantesco para se investigar as determinantes dessa trajetória e ter políticas públicas que a incentivem."


Vendo estes fatos, postei diversos twitts sobre o assunto. E claro que podemos medir, via esta incrível mídia social, o quanto este assunto é relevante e gera polêmica. Dentre eles, perguntei: “Tudo isso foi conquistado sem as cotas raciais. Bastou uma economia sem inflação e administrada com responsabilidade. Qual razão pras cotas?” e recebi respostas muito pertinentes.

A defesa que mais se destacou, em minha opinião, foi do jornalista Amaral Neto (@amaralneto2010). Segundo ele, “as cotas são necessárias para que haja debate sobre a exclusão em que vivem negras e negros neste nosso Brasil. As cotas não irão resolver cerne da questão discriminação racial, mas fazem contraponto aos mais de 300 anos de escravidão.”

Mas para os que são contra esta política, também há bons argumentos de defesa. A revista Veja de 1 ano atrás (4/3/2009) já dizia:
“A primeira e mais grave reflexão a fazer é se o papel das universidades federais deve passar a ser o de reparar injustiças históricas. Se for isso, há que ter em mente que se trata de uma mudança radical. As universidades existiram desde sempre para produzir conhecimento. A produção de conhecimento de qualidade só é possível em ambientes de porta de entrada estreita e com rígido regime de mérito. É o contrário do que propõe o sistema de cotas em votação no Senado. Se ele for aprovado, metade dos calouros terá acesso à universidade usando como passaporte de entrada o vago e cientificamente desacreditado conceito de raça. Adeus ao mérito individual. Com ele se despedem também a produção de conhecimento e o avanço acadêmico. Deve haver formas menos destruidoras de reparar injustiças históricas.”

Minha posição pessoal vai ao encontro da opinião de Veja. Não acho que reservas de mercado vai nos ajudar em nada. Muito menos no sistema universitário brasileiro, que está muito longe de ser um passaporte para o progresso social e profissional no país.


Mais anos de crescimento na casa dos 4 a 6%, sem inflação, com a mobilidade social que a sociedade brasileira permite, será suficiente para dar aos negros voluntariosos, estudiosos, dedicados e profissionais uma qualidade de vida digna. Igualzinho brancos, pardos, italianos, flamenguistas ou evangélicos. Isso é uma democracia. Sem adjetivos.

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Acompanhe esse tema tratado no
Marketear Por Luis Grottera
na Rádio Band AM e FM
http://migre.me/sGHP//

terça-feira, 23 de março de 2010

Far-nordeste: rumo a outro país dentro do Brasil

Como o far-west norte-americano, seguimos uma espécie de colonização desbravadora, um choque de capitalismo que criou a corrida ao ouro do consumo. Quando pensar nisso, pense que a principal resultante desse processo é retirar milhões de brasileiros da ignorância e da pobreza.

Com 28% dos habitantes brasileiros, o Nordeste mantém desde 2004 a maior média de crescimento em renda familiar do Brasil, acima de 6,5% ao ano. Não é à toa que este é o mais novo destino para os investimentos do varejo brasileiro: serão mais de R$ 11 bilhões injetados na região até 2013, com a abertura de mais de mil pontos de venda. E, para alcançarem suas estratégias comerciais, grandes empresas já estão enviando mão de obra super qualificada para cidadesinhas com cerca de 200 mil a 400 mil habitantes, como Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco.

Atraídos por incentivos fiscais, custos menores e considerável aumento do consumo da classe C, diversos fabricantes abriram unidades no NE, fazendo girar a engrenagem local de empregos e renda. Este processo de migração industrial teve sua origem no esgotamento do eixo Rio-São Paulo e hoje as cidades nordestinas são as que apresentam as maiores taxas de crescimento do país. Para se ter ideia, o Índice de Potencial de Consumo (IPC) de São Paulo caiu 4,73%, enquanto Juazeiro do Norte (CE), com 249 mil habitantes, elevou sua participação relativa em 18,2% em 2009.

Mas “rapadura é doce mas não é mole não”: ao aterrissar em terras nordestinas, empresários têm esbarrado em redes regionais fortíssimas, que reinaram sozinhas por anos e anos, já que a região nunca fora alvo de interesse dos eixos econômicos tradicionais. Segundo a consultoria Nielsen, o Nordeste concentra o maior número de lojas de pequeno varejo do país - são cerca de 100 000 pontos de venda, o equivalente a um terço do total nacional.

As diferenças culturais também fazem parte de outra dificuldade encontrada: só vingará quem souber se adequar aos costumes locais. Em matéria da revista Exame (“Eles se renderam ao Nordeste” - 24/02/2010), a paulista Edna Giacomini, diretora da região Nordeste da Danone, explica que, em 2008, a empresa colocou nas prateleiras do varejo do Nordeste embalagens unitárias do iogurte Corpus, vendido a 49 centavos. No ano seguinte, repetiu a estratégia com o Danoninho Cremoso, uma variação exclusiva do iogurte, cotada a 79 centavos a unidade. "No mercado nordestino, o consumidor precisa encontrar produtos que possa comprar com uma moeda", comenta.

Sou bastante reticente com esses excessos de regionalismos. Acho que marcas globais / nacionais precisam sempre estar atentos em manter suas políticas de BRANDING intactas, afinal só isso garante uma condição plena de vitória no ringue das disputas mercadológicas.

De qualquer maneira, de moeda em moeda, tem-se um cofre cheio. Prepare para as cifras: o grupo Walmart pretende destinar à região metade dos investimentos de R$ 2,2 bilhões previstos para este ano. Já, as Lojas Americanas afirmam que o investimento chegará à casa de R$ 1 bilhão, com a abertura de 90 PDVs no Nordeste. A Danone diz que as vendas nordestinas crescem atualmente três vezes mais que no restante do país... Informações muito animadoras! É um crescimento no padrão da performance da China.

A briga pelo ouro, agora em potes bem para lá do arco-íris dos paulistanos, certamente será um grande trunfo rumo ao desenvolvimento brasileiro. Dá-se um novo ciclo das bandeiras e a descoberta de um novo Brasil. A sorte está lançada!

Este mesmo tema foi tratado no programa Marketear por Luis Grottera, na Rádio Bandeirantes. Ouça o programa aqui

quinta-feira, 11 de março de 2010

São Paulo Indy 300. E o place branding da cidade?

São Paulo é o único lugar do mundo que sediará as etapas da Formula 1 e Indy. E esta é uma grande honra e um excelente negócio para nós, paulistanos. A primeira das dezessete corridas do calendário 2010 da Fórmula Indy vai acontecer no próximo fim de semana (dias 13 e 14 de março) e a organização já se planeja para receber mais de 31 mil visitantes de fora, o que irá pulsar as veias de todo o sistema de nossa metrópole. O evento http://saopauloindy300.com.br/ promete movimentar quase 120 milhões de reais e ser o quinto mais rentável da cidade (ao lado de Fórmula 1, Parada Gay, Reveillon na Paulista e Desfile das Escolas de Samba.)

Além de atrair milhares de turistas e movimentar os setores da hotelaria, construção civil, comércio, gastronomia e serviços, o evento irá acontecer em São Paulo em um mês que costuma ser ocioso turisticamente. Ponto para os organizadores, que brigaram para trazê-lo e exigiu que aos organizadores que permaneçam na capital por mais 5 edições.


A grande sacada foi fazer a corrida num circuito de rua. Só isso já foi suficiente pra mexer com toda cidade. O circuito tem 4,1 quilômetros de extensão e as 75 voltas totalizarão pouco mais de 300 quilômetros. Na Marginal Tietê ficará a maior reta de todo o campeonato, com 1,5 quilômetro. De acordo com a Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo (SPTuris), 50 000 pessoas deverão comparecer ao Anhembi para conferir a disputa do domingo (14) e os treinos livres e classificatórios do sábado (13). O investimento foi de R$ 40 milhões e se espera um faturamento total da cidade de R$ 120 milhões.


O sucesso do empreendimento demonstra também a força do grupo BAND de comunicação. Através do conjunto de suas rádios AM, FM, das TVs abertas e fechadas e do Metro, a BAND provou que tem impacto, penetração e audiência para desenvolver grandes eventos no mercado brasileiro com enorme sucesso. A corrida será transmitida para 200 países. O potencial é de uma audiência global que supera os 30 milhões de telespectadores.


Toda esta movimentação altera a arquitetura da cidade, passando a fazer parte de uma nova lógica, mesmo que excepcional, colaborando para formar o que chamei em meu último post de Place Branding. Como qualquer outra marca, São Paulo precisa ter um projeto de Branding, de forma a reposicionar a imagem da cidade, criando-lhe um território único na cabeça e nos corações de toda comunidade global. Se já tivéssemos isso, os esforços e os resultados obtidos com eventos desse porte, teriam um eficácia muitas vezes maior ao que tem sem um projeto estratégico.


São Paulo Indy 300 é sensacional, do ponto de vista econômico e de branding. Alegra a gregos e troianos, pois gera uma ótima receita e cria uma atmosfera de magia inigualável. Que venham mais destes pela frente!

sexta-feira, 5 de março de 2010

A marca BRASIL.


Aqueles que convivem comigo já me ouviram falar que, se eu sonhasse que era o Presidente da República, investiria toda grana do governo para crescer em duas áreas: indústria da construção civil (que emprega pessoas com perfil educacional mais baixo) e na indústria do turismo (que apenas engatinha no país e que pode gerar milhões de novas oportunidades, em áreas geográficas bem dispersas).


Aos trancos e barrancos a indústria da construção civil vai crescendo. Apesar dos Governos, que em geral mais atrapalham do que ajudam. Mas no Turismo temos um fato que pode se transformar num início de trabalho profissional do Governo, no sentido de criar referências sólidas para o crescimento de uma indústria moderna e muito lucrativa pra sociedade.


A marca Brasil, criada pelo Ministério do Turismo, está completando 5 anos no mês de março. Ela foi estruturada no Projeto Aquarela, da EMBRATUR, que recentemente foi publicado planejando suas metas para os próximos dez anos. O simples fato do conceito de ‘marca’ ser o pilar do projeto, já indica uma forma moderna de interpretar o problema. É isso mesmo, a problemática da indústria do turismo é tipicamente para ser tratada a partir de diagnósticos de BRANDING. Há até um um nome específico para tratar esse tipo de job: PLACE BRANDING. A maioria das cidades, países e locais turísticos do mundo terão que ter seus projetos de place branding. Leia sobre http://en.wikipedia.org/wiki/Place_branding

Dimensão do mercado: A receita do mercado brasileiro de turismo só tem crescido. As mais recentes informações do anuário estatístico do Ministério do Turismo (2009) afirmam que, em 2008, a receita do Brasil foi de 5,8 bilhões de dólares, 16,8% a mais do que no ano anterior.

Isto é bastante animador, mas não podemos esquecer que estamos muitíssimo distantes dos resultados das grandes economias mundiais: os EUA, por exemplo, com o título de maior receita de turismo do mundo, faturou, US$ 110,1 bilhões, no mesmo período, conforme relatório UNWTO Tourism Highlights de 2009.

Uso uma métrica básica, o mercado brasileiro é de 1/6 a 1/10 do mercado norte-americano. Se minha experiência não estiver falhando, significa que a indústria do turismo deveria faturar no mínimo o DOBRO do que fatura atualmente.


O que é o projeto? É um conjunto de metas e estratégias de comunicação voltadas para o exterior, que visa consolidar de uma vez por todas, o Brasil como um dos principais destinos turísticos do mundo. E que depois das definições da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, terá seus horizontes agigantados.

Só para se ter uma idéia do impacto que pode representar esses eventos, a Copa do Mundo alcança uma audiência global de 30 bilhões de impactos em quase 5 bilhões de espectadores. Se 1 em cada 10.000 vier ao Brasil e gastar U$ 100 numa semana, dobramos a receita do país com turismo.

A Embratur disponibilizou para 2010 uma verba de R$ 140 milhões, o que representa um aumento de 50%, se comparado ao ano passado. Esta verba é para a gestão de toda marca Brasil, o que significa investimento em promoções, relações públicas, publicidade, eventos e treinamento, entre outras áreas. É bem pequena se for considerada que é para o mercado mundial.

Em toda comunicação Brasil é sempre escrito com “S”, sem sofrer alterações locais e a palavra “Sensacional” é sempre seu slogan que, aí sim, tem sua língua alterada conforme o País em questão. Mas todas as ações são adequadas à cultura de cada país. Por exemplo: não se diz a um japonês vir ao Brasil para tomar sol, já que as pesquisas apontam que eles apreciam justamente o contrário.

A marca Brasil é introduzida nos mercados pela internet e, nos países prioritários, a estratégia de comunicação se dá por 3 públicos: os operadores e agentes de turismo, o consumidor final e a imprensa. Veja Filme de 1 min Filme de 7 min


Resultados: Já existem 2 alvos alcançados: 1) o recall da marca cresceu de 11% para 20% entre 2006 e 2009, fantástico crescimento e 2) o país tem se distanciado cada vez mais da imagem de destino exótico para os estrangeiros.

Segundo Jeanine Pires, Presidente da Embratur, detalha em entrevista para Meio e Mensagem, de todo clipping oriundo de 11 países, do total de notícias relacionadas ao Brasil no exterior, 27% tem conotações positivas. É muito alto quando se sabe que entre 60 e 70% das notícias costumam ser neutras.


É um começo. Promissor. Não tenham dúvida nenhuma de que a indústria do turismo vai ter um crescimento excepcional no Brasil nessa próxima década. É uma indústria sadia, pois gera muito emprego, distribuídos por boa parte do território do país. Um setor que abre oportunidades de surgimento de novos negócios de pequenos e médios empreendedores. É uma atividade econômica que trabalha uma atenção maior com o princípio da preservacão da natureza.


O turismo ainda vai dar grandes alegrias aos brasileiros.

É justo. Por sua natural forma de ser, os brasileiros dão muitas alegrias aos turistas.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Em quem vai votar a nova classe C?

Recebi alguns twitters e emails sobre o post aqui de baixo (O brasileiro da nova classe média do Brasil). É bom receber feedbacks. Agradeço a todos. Alguns reclamavam e sabendo que sou um antigo simpatizante tucano, me acusam da velha pecha de 'muro': digo que essa Classe C ascendente vai mudar o resultado da eleição, mas não me pronuncio para que lado vai.

Acho que teremos uma eleição quentíssima. No twitter é fácil perceber isso. Ânimos muito acirrados e posições sempre radicalmente opostas entre PT e PSDB. É uma lástima. O grande progresso político do país seria se 70% de ambos os partidos estivessem num único, de formação social-democrata. Ambos lutando contra o verdadeiro câncer político brasileiro: o PMDB.

É sempre uma surpresa ver como a mídia civilizada e a inteligência brasileira caiam no conto do vigário peemedebista. Eles adoram que seja dada toda atenção as eleições do executivo (Presidente, Governador, Prefeitos), deixando a dos legislativos para serem resolvidas por uma grande maioria mal informada ou desinteressada (o maldito voto obrigatório, que favorece a malandragem!). Assim fazem maiorias. Assim têm mais tempo na TV. Essas duas moedas corrompem qualquer partido que esteja no Executivo. E começa o ciclo dos maracutaias.

Voltando a nova Classe Média e as próximas eleições presidenciais, minha opinião é que os dois candidatos com maior intenção de votos tem matizes econômicas muito parecidas. É uma pena. Nesse sentido o Aécio teria uma vertente mais liberal. Acho que seria uma disputa mais estratégica e menos da pessoa.

A eleição vai ser ganha por qualquer lado por pequeníssima diferença. Acho que o Serra terá como vantagem sua longa e bem sucedida carreira como executivo público. Acho que a Classe Média brasileira já entendeu tudo: vota com o bolso. Serra passará uma credibilidade de maior eficácia na gestão e isso deve lhe dar a vitória.

Tenho muita fé na candidatura de Marina Silva. Essa senhora poderá ter um papel relevante na eleição, ajudando a construir um futuro diferente na política do Brasil. Por sua personalidade, história de vida e beleza de propósitos que carrega e expõe em cada frase que fala, Marina tem uma grande chance de usar seu enorme carisma (e o canhão de mídia que uma eleição presidencial vai lhe oferecer) para transmitir ensinamentos importantes para novas faixas da sociedade. Se ela se apequenar diante do desafio, sairá apenas como uma Heloisa Helena (PSOL) palatável. Minha expectativa é diferente. Acho que sai grande da eleição. Poderá lançar uma semente de um movimento oposicionista mais iluminado e menos visceral.

Aqui por São Paulo a coisa tá muito chata. Lamentavelmente o candidato do PSDB é o Geraldo. Alckmin é, entre os expoentes dos tucanos, o mais medíocre de toda história. Infelizmente minha memória não me presenteia com o esquecimento da imagem deste senhor vestindo uma camisa cheia de logomarcas das empresas públicas, na campanha contra Lula. Uma coisa vergonhosa de pequena, errada e estúpida. Uma afronta a gestão de FHC. Mas ... todas pesquisas mostram que ele vai ganhar.

E o nosso senado, que é uma brincadeira. Não acredito que nossos representantes sejam o Romeu Tuma (sem palavras...), o Suplicy (o da sunga vermelha, porque aquele do passado, não existe mais) e o Mercadante (que parece que perdeu o norte, depois da crise do mensalão). Tomara que venham coisas novas por aí. Eu votaria de olho fechado na @SoniaFrancine.

A política precisa de ar fresco. Oxigênio. Gente e pensamentos novos.

É uma questão de lógica. A sociedade brasileira está passando por uma revolução na lado econômico e no mundo dos negócios. É impossível que mais cedo ou mais tarde isso não gere impacto na vida política do país. Que seja já.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O brasileiro da nova classe média do Brasil.

Dois grandes pilares sustentam um país saudável, forte e maduro. O pilar social (uma sociedade livre, com democracia vigorosa, poderes independentes e liberdade de opinião) e o econômico (liberdade plena do mercado, uma relação justa entre impostos pagos e o que se recebe de retribuição por ele, uma distribuição de riqueza que dê aos mais pobres uma razoável qualidade de vida e uma classe média poderosa).

Dos aspectos relacionados acima, aquele em que o Brasil mais demorou a progredir foi em relação à distribuição da renda. O contingente de miseráveis era grande e não diminuía. A maioria da classe trabalhadora ainda muito preocupada em manter suas condições básicas de vida. Sobrava uma classe média era minoritária, sem força e sem poder.
Mas a classe média cresceu, mudou e está pronta a assumir o comando. Segundo o economista e chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV-RJ, Marcelo Neri , a composição deste extrato social incorporou uma grande parcela que pertencia à classe C e soma hoje 52% da sociedade brasileira. Sinal de grandes mudanças pela frente.

Com o sucesso do Plano Real, estacou-se uma espada no peito do maior e mais perverso de todos os impostos: a inflação. A herança bendita da estabilidade econômica advinda dos dois mandatos de FHC, estimulada com uma fase de grande crescimento da economia global e o aumento do poder de compra potencializado pelo ousado e corajoso ato de instituir um programa de distribuição de renda direta, redundaram no atual momento de otimismo que o país vive. Vivemos um choque de capitalismo.

Durante a última década, assistimos ao fenômeno chamado por Neri de “O Segundo Real”, pois, ao apostar na estabilização e dar escala aos programas sociais de seu antecessor, Lula tirou da pobreza 19,3 milhões de indivíduos e alavancou outros
32 milhões na pirâmide social.

As classes C e D passaram a consumir itens antes dados como supérfluos e que estariam fora de cogitação para seus salários e bolsos. Empresas já focadas nesse segmento passaram a produzir produtos “genéricos”. Foi um boom de novas marcas no mercado, preconceituosamente chamadas de ‘marcas talibans’. O passo seguinte foram as grandes empresas perceberem a nova oportunidade. Marcas como Dove e tintas de cabelo das marcas líderes de mercado, como Wella e Loreal, passaram a ser consumidos por diaristas e donas de casa com grande frequência.

Mas o caso mais impressionante é o da Nestlé. Tradicional empresa suíça presente no Brasil desde 1921, produtora de itens de grande qualidade e high price, a Nestlé se reinventou para fazer do Nordeste e dos novos consumidores sua força para uma nova arrancada no mercado brasileiro. Investiu R$ 100 milhões em uma nova fábrica e centro de distribuição em Feira de Santana - BA. Mudou tamanho de produto (biscoitos líderes como Negresco e Bonno de 200g passaram a ser vendidos com 140g), trocou embalagens (a lata de Nescau de 400g virou sachê de 230g), adaptou produtos (Nescafé foi redesenhado para ser um café mais suave, lançado com o nome de Dolca) e lançou produtos específicos para a região (como o leite em pó popular Ideal). Hoje o Nordeste representa 30% das vendas da Nestlé no Brasil e o crescimento permanece na casa do dobro da média do país.

Com o aumento do consumo, outra questão de debate da sociedade foi o consequente endividamento destas classes menos abastadas. Segundo pesquisa do CNI/Ibope, 34% dos entrevistados da nova classe média disseram que precisaram se endividar para cobrir gastos nos últimos 12 meses. Muitos criticam este fenômeno, mas defendo que ele é Intrínseco ao processo de crescimento de qualquer país.

O crédito como alavanca para o aumento de qualidade de vida do brasileiro ainda é muito mal visto, especialmente pelos quase 20 anos de inflação descontrolada do país. Pagando um juros exorbitante mais a correção monetária, era impossível sobreviver a um financiamento. Mas também nesse item, estamos entrando numa rota mais aceitável. O crédito popular e abundante é uma importante forma de melhorar a qualidade de vida do brasileiro de baixa renda.
E os sinais atuais são estimuladores: caem os índices de inadimplência no Brasil.

Essa conjuntura de um mercado interno aquecido e disposto a virar a mesa, foi fundamental para que o Brasil saísse da crise mais rapidamente. O mercado interno é que está fazendo a diferença. Aqui e na China.

E essa nova classe C causa algum impacto na próxima eleição? Certamente que sim. Na próxima e em todas as próximas. Da nova realidade econômica brasileira emergirá um novo eleitorado, mais objetivo e com maior clareza daquilo que deseja. Um eleitor menos ignorante e manipulável. O eleitor que vai tornar esse país uma grande potência na próxima década.

A classe média é protagonista das mudanças sociais. Até porque é quem mais paga por elas. Segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), esta maioria da sociedade trabalha cerca de 272 dias por ano para pagar impostos e serviços básicos, como educação e saúde (e não recebem!!!). Segundo o cientista político, Antônio Lavareda, em entrevista concedida para o Meio & Mensagem em janeiro deste ano, é possível que esta nova classe média mimetize o comportamento das classes diretamente superiores a ela e "traia" seus antigos valores de classes C e D.


Não é minha aposta. Sou otimista com a vida. Creio que venha por aí uma burguesia razoavelmente bem informada, ligada na tecnologia, de bem com a vida com a globalização, com grande aceitação da diversidade humana, com fé(s), querendo aprender, trabalhadora, dedicada e com nota 10 nos quesitos talento e criatividade. O brasileiro é ainda o melhor produto made in Brazil.

Tks, God!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

ESPM. Um case de excelência.



post em twitters

> Sábado de sol, meu filho de 75 dias em casa ... e eu fiquei das 8 as 13h fechado na convenção dos professores da ESPM. E foi muito bom!
> ESPM é uma idéia comunitária de um grupo de profissionais. Saiu do nada pra criar uma entidade da maior importância para o mundo dos negócios no BR.
> Bacana estar num grupo de pessoas que dedicam parte da sua vida para ENSINAR. E numa escola que coloca a EXCELÊNCIA como objetivo.
> Prof JRWPenteado, novo presidente ESPM, é a pessoa certa no lugar certo. Hiran de VP, outro acerto. Jovens, dinâmicos e experientes. Vem aí bom tempo.
> Novo mundo. Que bom ver A Ferrentini determinar: “Se funciona hoje, está obsoleto!”. Entender o ritmo da mudança é essencial pra se acompanhar e progredir.
> “Aluno não é nosso problema. É nosso desafio!” Prof @lfgarcia
> “Não se faz uma escola com excelência com alunos nota 7.” Prof @lfgarcia
> Muito bom! É esse Brasil que veio da iniciativa privada, de brasileiros empreendedores e competentes que vai trazer progresso para toda sociedade.
>
@luisgrottera: "Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina." Cora Coralina

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Eu (também) AMO revistas.

Participei do evento “Eu AMO Revista”, organizado pela Editora Escala, no WTC. Esse é mais um case de branding que minha consultoria LuisGrotteraHelp desenvolveu. A Escala é uma editora de apenas 18 anos, que já atinge 20 milhões de leitores. É a 2a. que mais venda exemplares em banca. Um verdadeiro case de sucesso.

Tem no seu comando um empresário inovador e talentoso, Hercilio De Lourenzi, que tem a sensibilidade de saber que em time que tá ganhando se me
xe sim. De preferência na hora certa (antes de qualquer crise), de forma a se gastar menos e ter melhores resultados. O trabalho já está no campo, os profissionais da diretoria e dos demais níveis da empresa estão afinados e empolgados. Certeza de sucesso como resultado.

Para o evento, fui convidado para falar das tendências da próxima década para um público de jornalistas e publicitários. Preparei uma fala curta, algo em torno de vinte minutos. Fiz um overview sobre os últimos anos e uma breve projeção para a década que se inicia. A crise de 2009 não podia deixar de ser o pontapé inicial desta fala, pois ela mudou o cenário da economia e do mundo dos negócios.

Brinquei com a metáfora da mesa de pôquer: um acidente exigiu que fosse dada u
ma nova mão de cartas. Quem tinha trinca ou mais (países desenvolvidos) reclama pra caramba, mas quem tinha par baixo (países em desenvolvimento), morre de felicidade. O Brasil, como um destes casos, terá sua década de estrelato, será a 5a. maior economia do mundo e o grande líder da América do Sul. Precisamos nos preparar para tudo isto.

Dentro deste cenário de embaralhamento, surgem novas hegemonias, a crise definitiva dos valores da superprodução e o fim do conceito de segmentação. Estabelece-se, de vez, a era das tribos, técnica que estou desenvolvendo com o nome de tribalização. Eis o fim de uma visão estritamente de comunicação de massa para a sedimentação do Relationship marketing.

A hegemonia da publicidade cairá também, pois será inevitável um maior espaço para o Branding no comando da comunicação das empresas. Obter a harmonia desta teia de possibilidades será o novo desafio. Com todas estas mudanças de valor, passaremos de um mercado concentrado para multifacetado. Muito mais rico, em forma, conteúdo e investimentos!

A mídia agora servirá aos vários canais da comunicação, que vão muito além da cadeia primitiva “emissor-receptor”. Por fim, veremos que a questão não está na canibalização das velhas mídias pelas novas, e sim, na mudança dos conceitos de fonte de receita.

A intenção não foi ser apocapolíptico, mas é importante atentar para a futura dança das cadeiras.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Steve Jesus. O profeta do branding.

O lançamento do iPad, novo tablet da Apple, é a prova de que a empresa está vivinha da silva e que Steve Jobs seria canonizado caso houvesse um Céu exclusivamente para o mundo dos negócios.

Há muitos pontos de vista diferentes para esse fenômeno ser avaliado. Aqui me interessa explorar a questão da magia que o inventor do branding globalizado conseguiu para sua marca e sua empresa. Magia de tal força que um simples lançamento de um novo produto da linha, paralize parte do globo terrestre para ouvi-lo, noticiá-lo gratuitamente e posteriormente virar alvo de debates.
Aqui vai minha sequência de tuítes sobre o tema:

A Apple sempre foi o case mais sensacional de Branding do mundo. E pelo jeito continuará sendo.

O lançamento do iPad é nova prova. Meio mundo esperando a notícia do novo produto. Está na Home da maioria do grandes sites globais.

RT @guivinicius Graças a magia hipnótica de Steve Jobs.\\ Essa é a base. A centelha do DNA que vira BRANDING.

A partir da magia hipnótica do Steve Jobs, precisa ter um puta projeto sensacional de BRANDING que faz isso virar produto, design, estilo, comunicacão, etc

RT @juracraveiro Site da Apple, 1o vídeo do iPad http://ow.ly/115vb \\ TBWA\ChiatDayLA é brilhante. Tive o prazer d estar lá e ver de perto.

RT @Neto escuta o que eu to dizendo. é uma nova categoria de produto. mesmo. matou o kindle. \\ impacto parece da dimensão do iPod e iPhone

RT @lsvd80 o iPad é tudo q imaginávamos e ainda assim, maravilhoso. Não vejo a hora de colocar as mãos no meu.\\ A mística do BRANDING

Meu MacBook Air olha pra mim, triste. Desfalecido. Ele não tem mais razão de ser na minha vida.

Como vocês viram em um dos tuítes, estou entre aqueles que acredita que, de novo, a Apple reinventou a roda. E mantenho esse ponto de vista, mesmo depois de ter me informado de algumas deficiências tecnológicas e ausências de features importantes. Acredito que o iPad será o verdadeiro computador de mão. Menor que um note, maior que um iPhone. Uma agenda de mão. Tão rica, colorida e indispensável como as agendas das mulheres.

A foto do Steve Jobs e com iPad (sempre entre suas mãos) estava na Home dos sites dos jornais Estadão, Folha, O Globo, Zero Hora, Correio Braziliense e Estado de Minas. Na metade deles, foram capa do impresso. Jornais provincianos? Não. Saiu também na capa e/ ou home do NYTimes, Washington Post, Miami Herald, Le Monde, El País, Financial Times. Se isso fosse mídia comercial, seria uma verba astronômica. Tendo aval jornalístico, não tem preço!!! A cada novo produto, há uma retroalimentação na imagem e no reconhecimento da Apple. Para as marcas concorrentes ... é uma covardia.

Mas não para aí, mais de 30 horas depois do lançamento, os debates continuam. A cada momento um site ou um blog está postando alguma análise, opinião ou crítica ao iPad. Como estou fazendo agora.

Mesmo no twitter, um campo de debates magnético, onde as coisas têm uma vida muito perecível, enquanto escrevo este post (23h), em apenas 5 minutos foram postados 1499 tuítes ao redor do mundo contendo a hash tag #iPad. É uma força e uma presença avassaladora.

Não tenho dúvida alguma de diagnosticar que o que cria e reproduz essa energia é um claríssimo pensamento de branding que a Apple desenvolveu. É a empresa toda trabalhando numa mesma direção, com um único foco estratégico e segurando, com dedicação, uma bandeira com uma marca. Marca que nada mais é que a expressão gráfica de uma puta idéia, que cria uma relação de amor e fidelidade com um consumido satisfeito.

Simples assim.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Por um novo 'marketing político'.

Postei no twitter: RT @juracraveiro Marina ñ tem publicitário na campanha, só jornalistas. Mas é p*** time \\ O q precisamos é reconstruir mkt político no BR.

Esse tema gerou um debate interessante e algumas pessoas me perguntaram como seria reconstruir o mkt político na prática. Vou descrever 4 pontos que, na minha opinião, seriam básicos:

1) Verba paga pelos contribuintes, através do Governo Federal. 100% das despesas tem que caber nessa verba. Doações nem de pessoas físicas nem jurídicas. Caixa 2? Esquartejamento público.
2) 100% da comunicacão através da propaganda gratuita de rádio e TV. Afora isso só a internet, por redes sociais. Fim de camisetas, santinhos, etc.
3) Programa de TV e Rádio sem produção. Penteia o cara e abre câmera. Pronto: ele vende as idéias dele. Produção é, por principio, maquiagem.
4) Acabar definitivamente com partidos políticos serem valiosos pelo tempo que detém na TV. O PMDB é melhor exemplo: não vale pelos seus homens ou idéias, mas pelos 10 minutos na TV. Isso é inaceitável!!! Tirando a Globo e a Record, o PMDB é a entidade brasileira que mais ganha R$ vendendo tempo na TV.


Como vcs viram, minhas propostas sobre o tema são radicais. Mas ao reler, lembrei-me das coisas que o Mário Covas dizia pra nós, que formávamos o time do mkt e da comunicacão. É muito parecido com isso. Fiquei seguro, esse é um caminho certo.