domingo, 12 de dezembro de 2010

Business Futebol Clube: Brasileirão 2010

O Campeonato Brasileiro de Futebol 2011 poderia ter ficado pra história pela sua competitividade. O Fluminense, legítimo campeão, foi o vencedor de uma disputa não muito brilhante, mas de grande emoção especialmente pela alternância de líderes. A competição foi definida nos últimos momentos do segundo-tempo da rodada final.

Mas acredito que o que vai marcar esse Campeonato para história, foi a incompreensível, absurda e antiesportiva opção de clubes tradicionais fazerem corpo mole para não ajudar adversários históricos. Nunca senti tanta vergonha da camisa do Palestra, como quando ouvi a torcida vaiando o profissional goleiro Deola, por cumprir seu papel na partida contra o Fluminense.

Mas por trás dessa paixão, há um business. E como disse no post anterior, a Copa do Mundo é uma oportunidade única de uma revolução nas praticas gerenciais e administrativas dos clubes brasileiros. Isso é do interesse de todos nós, como torcedores mas também como homens de negócio e como profissionais no mercado. O futebol é uma indústria. Assim deve ser tratado, pois só o Campeonato Brasileiro movimentou R$ 600 milhões de faturamento. Em todo país deve envolver números que se aproximam de R$ 2 bilhões. E isso poderia multiplicar por 3 ou 4 vezes, se houvesse profissionalismo e seriedade na administração.


Uma análise do Brasileirão 2010

> Houve uma queda de 17% nos torcedores nos estádios (média de público de 15 mil por partida). No total, o Campeonato conseguiu garantir a presença de 5,4 milhões de pessoas nos estádios.

> Os times de maior arrecadação: 1o) Corinthians R$ 17,0 milhões; 2o) Fluminense R$ 8,2 milhões; 3o) Cerá R$ 7,4 milhões; 4o) Flamengo R$ 7,3 milhões e Botafogo R$ 6,6 milhões. Massacrante vantagem dos loucos da Fiel.

> Em dinheiro, a queda de arrecadação total foi de R$ 125,7 milhões em 2009 para R$ 109,4 milhões em 2010 (13% a menos).

> A CBF e o Clube dos Treze afirmam que essa queda se deve ao fechamento do Maracanã e do Mineirão, ambos em reforma para a Copa.

> Pode ser. Mas o fato é que o público representa apenas 40% da capacidade média dos estádios. Todos sabem que a bilheteria não é o principal no faturamento da indústria. Mas é ali é o palco do espetáculo. É naquele momento que se manifesta a paixão que dinamiza essa indústria.

> O pacote pelos direitos de transmissão pela Rede Globo gerou um faturamento de R$ 476,5 milhões. 4,5 vezes o dinheiro recebido na bilheteria. Até 2 décadas atrás o Brasil ainda discutia se as transmissões televisivas não iam matar o futebol. Bobagem elevada a potência máxima da mediocridade.

> A TV aberta representa 52% desse contrato, a Pay-TV 10%, Transmissão internacional 2% e os pacotes pay-per-view que já somam R$ 170 milhões (56% a mais que a bilheteria no estádio) e 36% do valor total do contrato.

> Esse número deve crescer bastante no próximo ano. Há uma verdadeira guerra ocorrendo nos bastidores pelos contratos do próximos ano. Ainda mais porque não serão mais empacotados, mas cada mídia será fechada individualmente. Na TV aberta, a Record enfrenta a Globo. Na Internet, o Terra é o concorrente. Tem capital pra enfrentar a Globo e sabe que o Brasileirão pode ser definitivo para viabilizar sua estratégia televisiva pela web.

Tudo isso é muito importante que seja analisado e trabalhado com competência. O futebol brasileiro precisa se profissionalizar rapidamente. Apenas para se ter uma idéia, considerando apenas a arrecadação com bilheteria, cada 1% de presença em estádio do Campeonato Brasileiro equivale a R$ 3 milhões. O Barcelona sozinho, com cada 1% de presença em seu estádio, fatura R$ 4,4 milhões.

Para nós, torcedores brasileiros, olhar o futebol com essa visão de grande profissionalismo, parece uma cena futurista, inalcançável e que é coisa de europeu. Prepare-se. Nos próximos 3 anos muita coisa vai mudar no futebol brasileiro.

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