sábado, 20 de fevereiro de 2010

Em quem vai votar a nova classe C?

Recebi alguns twitters e emails sobre o post aqui de baixo (O brasileiro da nova classe média do Brasil). É bom receber feedbacks. Agradeço a todos. Alguns reclamavam e sabendo que sou um antigo simpatizante tucano, me acusam da velha pecha de 'muro': digo que essa Classe C ascendente vai mudar o resultado da eleição, mas não me pronuncio para que lado vai.

Acho que teremos uma eleição quentíssima. No twitter é fácil perceber isso. Ânimos muito acirrados e posições sempre radicalmente opostas entre PT e PSDB. É uma lástima. O grande progresso político do país seria se 70% de ambos os partidos estivessem num único, de formação social-democrata. Ambos lutando contra o verdadeiro câncer político brasileiro: o PMDB.

É sempre uma surpresa ver como a mídia civilizada e a inteligência brasileira caiam no conto do vigário peemedebista. Eles adoram que seja dada toda atenção as eleições do executivo (Presidente, Governador, Prefeitos), deixando a dos legislativos para serem resolvidas por uma grande maioria mal informada ou desinteressada (o maldito voto obrigatório, que favorece a malandragem!). Assim fazem maiorias. Assim têm mais tempo na TV. Essas duas moedas corrompem qualquer partido que esteja no Executivo. E começa o ciclo dos maracutaias.

Voltando a nova Classe Média e as próximas eleições presidenciais, minha opinião é que os dois candidatos com maior intenção de votos tem matizes econômicas muito parecidas. É uma pena. Nesse sentido o Aécio teria uma vertente mais liberal. Acho que seria uma disputa mais estratégica e menos da pessoa.

A eleição vai ser ganha por qualquer lado por pequeníssima diferença. Acho que o Serra terá como vantagem sua longa e bem sucedida carreira como executivo público. Acho que a Classe Média brasileira já entendeu tudo: vota com o bolso. Serra passará uma credibilidade de maior eficácia na gestão e isso deve lhe dar a vitória.

Tenho muita fé na candidatura de Marina Silva. Essa senhora poderá ter um papel relevante na eleição, ajudando a construir um futuro diferente na política do Brasil. Por sua personalidade, história de vida e beleza de propósitos que carrega e expõe em cada frase que fala, Marina tem uma grande chance de usar seu enorme carisma (e o canhão de mídia que uma eleição presidencial vai lhe oferecer) para transmitir ensinamentos importantes para novas faixas da sociedade. Se ela se apequenar diante do desafio, sairá apenas como uma Heloisa Helena (PSOL) palatável. Minha expectativa é diferente. Acho que sai grande da eleição. Poderá lançar uma semente de um movimento oposicionista mais iluminado e menos visceral.

Aqui por São Paulo a coisa tá muito chata. Lamentavelmente o candidato do PSDB é o Geraldo. Alckmin é, entre os expoentes dos tucanos, o mais medíocre de toda história. Infelizmente minha memória não me presenteia com o esquecimento da imagem deste senhor vestindo uma camisa cheia de logomarcas das empresas públicas, na campanha contra Lula. Uma coisa vergonhosa de pequena, errada e estúpida. Uma afronta a gestão de FHC. Mas ... todas pesquisas mostram que ele vai ganhar.

E o nosso senado, que é uma brincadeira. Não acredito que nossos representantes sejam o Romeu Tuma (sem palavras...), o Suplicy (o da sunga vermelha, porque aquele do passado, não existe mais) e o Mercadante (que parece que perdeu o norte, depois da crise do mensalão). Tomara que venham coisas novas por aí. Eu votaria de olho fechado na @SoniaFrancine.

A política precisa de ar fresco. Oxigênio. Gente e pensamentos novos.

É uma questão de lógica. A sociedade brasileira está passando por uma revolução na lado econômico e no mundo dos negócios. É impossível que mais cedo ou mais tarde isso não gere impacto na vida política do país. Que seja já.

4 comentários:

  1. Boas reflexões, Grottera
    Desde 94 eu torcia para que PT e PSDB se entendessem, FHC presidente e Lula vice. O filho do Brasil jamais aceitou esse papel - vice no Brasil é apenas figuração quase artística - e talvez o Lula não tivesse compreensão do que poderia ser essa união de forças lá nos tempos do real.Você esqueceu de citar o Quércia, que reapareceu cheio de botox e um discuso pra lá de vencido, deve estar se servindo no acervo do Montoro, certamente. Aqui no Rio a situação não é diferente. Provavelmente a classe C - que vai definir sim a eleição - deve acolher o casal campista carismático e paternalista Rosinha e Garotinho. No final do ano passado apareceu um blog com um mote "Volta, Garotinho!", uma iniciativa do deputado Geraldo Pudim - aquele que concorreu à prefeitura de Campos, perdeu, o TSE levantou irregularidades, marcou nova eleição um ano depois e Pudim concorreu e perdeu novamente - e agora um blog oficial, onde o Garotinho já admite dividir o palco com Dilma. Tudo pra tirar o PMDB do governo do Rio. Uma galhofa. Que se completa com Lindberg Farias e Gabeira. Como bem disse você, "que seja".

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  2. Como você bem observa...a verdade é que PT e PSDB são pseudo-adversários. Os 2 partidos sempre foram os que mais oxigenaram o debate político no país e têm muito mais pontos em comum do que em oposição.
    O meu prognóstico é que o Serra vence as eleições, sobretudo porque é um dos menos muristas do PSDB.

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  3. ok, eu sou sua fã.
    mas esses 2 últimos posts foram uma aula!

    adorei.

    bjss, esperando os próximos!

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  4. Mestre, como diria o cão emo no facebook, "políticos são como fraldas precisamos trocar constantemente para que o cheiro não suba", acho que é isso mais ou menos! rsrsrsrs

    Quanto a sua visão, sua sensibilidade é muito boa para opinar. Tenho um primo que foi fundador do psdb, suplente de Montoro para o senado na primeira disputa, depois apoiando covas e só decepção, no pt não encontrou muita gente nova, os velhos conhecidos que operam da mesma maneira, hoje esta no pv, com a mesma crença que a sua, mas o pv de Marina Lima só sai na frente por ser um dos caçulas na disputa.

    Com relação ao legislativo, perfeita a leitura, eu mesmo ainda não tinha encontrado variável maior que influenciasse tanto tal prejuízo enfrentado ao longo dos anos. Inclusive como chefe do executivo me colocaria diante de um fechamento temporário de casa, caso o legislativo perpetuasse com sua operacionalidade defasada.

    Mas esse ano tem sido o das tragédias naturais em todos os planetas, cada qual a sua maneira, terremotos, chuvas. O que faz a velhas repúblicas, velhas de fato para enfrentar crises que vão além das 4 paredes de seus respectivos gabinetes.

    Estamos ai!

    Abração!

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