sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Custo Brasil interfere no progresso do país. E no emprego do seu filho, no preço do supermercado, no juros do crediário.

Muito se fala sobre esse tema, mas muita gente não entende claramente do que se trata. É importante deixar claro, para o leitor, do que se trata, afinal a vida de cada um dos brasileiros está sendo impactada por ele.

O Custo Brasil é um termo genérico, usado para descrever o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem o investimento no país, dificultando o desenvolvimento nacional, aumentando o desemprego, o trabalho informal, a sonegação de impostos e a evasão de divisas. Por isso, é apontado como um conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional.

A Abimaq (Associação Br. da Industria de Máquinas e Equipamentos) divulgou recentemente um estudo inédito que mensurou o Custo Brasil para produtos agrícolas. Oito itens foram considerados e ficou constatado que o C.B. encarece em média 36,27% o preço do produto brasileiro em relação aos fabricados na Alemanha e nos Estados Unidos. Mas o mais interessante é saber que este índice, reconhecidamente elevado e alvo de muitas queixas e críticas, não era calculado com exatidão até então, pois a situação cambial era suprimida.

Segundo artigo publicado no Estado de S.Paulo de 14 de março, a falha de cálculo cambial fora sanada pelo estudo da Abimaq e que isto revela uma situação de inibição da economia brasileira, retraindo investimentos nacionais e internacionais na indústria. O empresário Mário Bernardini, que também coordenou o estudo, exemplifica bem a situação brasileira: “Imagine que um alemão apaixonado pelo clima tropical resolvesse trazer sua fábrica de porteira fechada para o Brasil, incluindo mão de obra e maquinário. O preço do mesmo produto que fabrica na Alemanha subiria automaticamente 36,27%”. É importante ressaltar que a comparação foi feita com grandes países.

Ou seja, não há problemas de mão de obra barata ou falta de leis trabalhistas. Se comparássemos o Brasil à China, o custo dobraria, mesmo sem levar em conta a crescente desvalorização do yuan.

Os ítens de maior peso são, em ordem decrescente, os insumos básicos (18,57% para a indústria em geral e 24,01% para o setor de máquinas); os juros sobre capital de giro (média de 7,95% na indústria como um todo e 9,41% no setor de máquinas). Com estes altos índices somados a um câmbio sobrevalorizado, as possibilidades de uma possível desindustrialização são muitas. Viraremos, assim, meros importadores de produtos chineses.

Devemos tomar muito cuidado com as propostas paliativas de incentivo que o governo tem divulgado (pacotes de empréstimos a fim de se “estimular” a exportação, por exemplo). Este sim é o verdadeiro custo e risco para o Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário