Place Branding
Nas últimas semanas, todos os olhos estavam
voltados para Londres. Assim como as edições anteriores das olimpíadas, os
jogos deste ano foram marcados por cerimônias elaboradas, novos recordes e
organização.
Um evento desse porte, com
transmissão global de televisão, é uma importante ferramenta de divulgação da
cultura de um país - suas capacidades, pontos turísticos, e hospitalidade. Por
muitos anos, essa imagem positiva, pujante e bonita, ficará na memória de
centenas de milhões de pessoas mundo afora.
Tudo isso, e não apenas o fluxo
turístico obtido durante o evento, são fatores que remuneram aqueles que sediam
os grandes eventos. A isso dá-se o nome de Place Branding – traduzindo, a criação
da Marca de um determinado lugar.
Esse ano, os britânicos
comprovaram que a imagem bonita que exibiam não era só da boca para fora. É
esperado que os donos da casa se sobressaiam no quadro geral - isso ratifica
aquela imagem positiva que as pessoas têm sobre o país – e eles não fizeram por
menos: dentro da competição, ganharam 65 medalhas (17 a mais do que em
Pequim - 2008) e terminaram em 3º lugar no ranking.
São essas as reais razões para um
país gastar tanto dinheiro para promover eventos da magnitude dos Jogos
Olímpicos. Além dos ganhos externos – com turismo, publicidade, etc - soma-se, principalmente, o interno: o esporte
é uma importantíssima via para se educar um povo. E educação deveria ser
prioridade número zero no Brasil.
O Brasil
nas olimpíadas
Neste ano, nosso país
investiu 100 milhões de reais a mais na competição. Trata-se de um crescimento
de 44% em relação aos jogos de Pequim. E mais investimento é (ou deveria ser)
igual a mais retorno, certo? Certo - na teoria. Na prática, não foi bem isso o
que aconteceu. O Brasil, próxima nação a sediar as olimpíadas, foi o 22º
colocado no quadro geral em Londres.
Teve apenas duas medalhas a mais do
que nos jogos anteriores e chegou a menos disputas de finais: foram 35 este
ano, contra 41 na China. Um desempenho
vergonhoso para quem tem a 5a maior população e a 6a maior
economia do planeta.
E o que diz o Comitê
Olímpico Brasileiro a respeito disso? Para o ilustríssimo presidente ,
“dinheiro não compra medalha”. Parece piada.
O que esperar de 2016?
Para 2016, a meta estipulada
pelo COB é posicionar o Brasil entre os top 10 colocados, e conquistar pelo
menos trinta medalhas. Sem dúvida bons resultados são essenciais, mas o sucesso
de uma olimpíada não é medido apenas por enfeites dourados pendurados no
pescoço. O número de medalhas só tem valor se refletir uma mudança de postura
do país em relação ao esporte de maneira geral.
Um evento como
as olimpíadas pode ser ótimo para o país do ponto de vista dos negócios, mas
vai além: Serve (ou deveria servir) para mostrar que o esporte é um caminho
para a educação, para a integração social de um povo. E, principalmente, que é
algo para todos - independente de
idade, classe ou cor.
Não basta construir grandes arenas, ginásios, e piscinas
exuberantes. De nada adianta largá-los como sucata passadas as festas. Essas
construções devem ser símbolos de uma nova mentalidade física e esportiva do
país; devem ser benefícios permanentes para melhorar a qualidade de vida de
seus cidadãos. Se isso vier com medalhas junto, ótimo. Senão, mais
vale centenas de jovens praticando esportes todos os dias do que quinze ou vinte deles
com um pedaço de metal na mão.
A política de esporte, assim como a educação como
um todo, necessita de uma completa revolução no Brasil - de dirigentes, de
estratégia e de inovação.
Que venha 2016, e que
façamos bonito.
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