segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Olimpíadas: Pelas medalhas ou pelo esporte?

Place Branding

Nas últimas semanas, todos os olhos estavam voltados para Londres. Assim como as edições anteriores das olimpíadas, os jogos deste ano foram marcados por cerimônias elaboradas, novos recordes e organização.

Um evento desse porte, com transmissão global de televisão, é uma importante ferramenta de divulgação da cultura de um país - suas capacidades, pontos turísticos, e hospitalidade. Por muitos anos, essa imagem positiva, pujante e bonita, ficará na memória de centenas de milhões de pessoas mundo afora.

Tudo isso, e não apenas o fluxo turístico obtido durante o evento, são fatores que remuneram aqueles que sediam os grandes eventos. A isso dá-se o nome de Place Branding – traduzindo, a criação da Marca de um determinado lugar.

Esse ano, os britânicos comprovaram que a imagem bonita que exibiam não era só da boca para fora. É esperado que os donos da casa se sobressaiam no quadro geral - isso ratifica aquela imagem positiva que as pessoas têm sobre o país – e eles não fizeram por menos: dentro da competição, ganharam 65 medalhas (17 a mais do que em Pequim - 2008) e terminaram em 3º lugar no ranking.

São essas as reais razões para um país gastar tanto dinheiro para promover eventos da magnitude dos Jogos Olímpicos. Além dos ganhos externos – com turismo, publicidade, etc -  soma-se, principalmente, o interno: o esporte é uma importantíssima via para se educar um povo. E educação deveria ser prioridade número zero no Brasil.   




O Brasil nas olimpíadas

Neste ano, nosso país investiu 100 milhões de reais a mais na competição. Trata-se de um crescimento de 44% em relação aos jogos de Pequim. E mais investimento é (ou deveria ser) igual a mais retorno, certo? Certo - na teoria. Na prática, não foi bem isso o que aconteceu. O Brasil, próxima nação a sediar as olimpíadas, foi o 22º colocado no quadro geral em Londres. Teve apenas duas medalhas a mais do que nos jogos anteriores e chegou a menos disputas de finais: foram 35 este ano, contra 41 na China. Um desempenho vergonhoso para quem tem a 5a maior população e a 6a maior economia do planeta.

E o que diz o Comitê Olímpico Brasileiro a respeito disso? Para o ilustríssimo presidente , “dinheiro não compra medalha”. Parece piada.





O que esperar de 2016?

Para 2016, a meta estipulada pelo COB é posicionar o Brasil entre os top 10 colocados, e conquistar pelo menos trinta medalhas. Sem dúvida bons resultados são essenciais, mas o sucesso de uma olimpíada não é medido apenas por enfeites dourados pendurados no pescoço. O número de medalhas só tem valor se refletir uma mudança de postura do país em relação ao esporte de maneira geral. 

Um evento como as olimpíadas pode ser ótimo para o país do ponto de vista dos negócios, mas vai além: Serve (ou deveria servir) para mostrar que o esporte é um caminho para a educação, para a integração social de um povo. E, principalmente, que é algo para todos - independente de idade, classe ou cor.


Não basta construir grandes arenas, ginásios, e piscinas exuberantes. De nada adianta largá-los como sucata passadas as festas. Essas construções devem ser símbolos de uma nova mentalidade física e esportiva do país; devem ser benefícios permanentes para  melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos. Se isso vier com medalhas junto, ótimo. Senão, mais vale centenas de jovens praticando esportes todos os dias do que quinze ou vinte deles com um pedaço de metal na mão.

A política de esporte, assim como a educação como um todo, necessita de uma completa revolução no Brasil - de dirigentes, de estratégia e de inovação.

Que venha 2016, e que façamos bonito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário