Naming (ou identidade
verbal) nada mais é do que a prática de desenvolver nomes de marcas para
corporações, produtos ou serviços. E, se quer se ter sucesso (e quem não
quer?), é essencial que tal nome expresse uma promessa da marca e proporcione
um meio fácil para o consumidor identificá-la e interagir com ela.
Para obter sucesso com um nome não convencional, é preciso ter uma
marca de personalidade forte, um storytelling
marcante e um trabalho de branding brilhante. Criar uma identidade de marca com
um nome 100% comum é difícil – e com um completamente esquisito, também. Mas
difícil não quer dizer impossível.
Um case que ilustra bem o conceito de naming é a nova marca de maquiagens lançada pela O Boticário em
agosto desse ano, a quem disse, berenice?
Sim, se escreve em letras minúsculas e termina com um ponto de interrogação. De
início, o nome da marca soa esquisito –
mas, quando se olha para o trabalho de branding que está fazendo, se mostra
bastante coerente. Sua campanha questiona as tais ‘verdades inquestionáveis’ e coloca o poder de decisão – literalmente –
na mão do consumidor: suas lojas são
super interativas, convidando suas clientes a experimentarem os produtos uma,
duas três vezes, sem medo de errar. Quem disse uma marca não pode ousar?
Ousadia, outra, vimos no mês passado, quando a Volkswagen apresentou o
novo Fusca à imprensa. Com seu motor 2.0
TSI com injeção direta de gasolina, entrega 200 cavalos de potência. A
transmissão é de seis marchas, com dupla embreagem, e o conjunto vai de 0 a 100
km/h em 7,3 segundos. Isso te fez lembrar do velho Fusca? Com certeza, não.
O novo modelo do Beetle será
chamado, no mercado brasileiro, de.. Fusca. Sim, vão ressuscitar um símbolo
icônico da história automotiva nacional.
Segundo o marketing da montadora, essa ideia foi pensada para ‘os que gostam de modelos do passado atualizados’ e várias montadoras seguiram a mesma receita e obtiveram sucesso. Mas o nome da marca é muito mais complexo do que um amontado de letras.
A palavra
Fusca remete à história de nosso país, e mexe diretamente com memória de
centenas de milhares de pessoas. Evoca saudosismo e nostalgia. A opção da
empresa até pode ser que dê certo, mas não é tão simples assim: usar o mesmo
nome para entregar experiências completamente diferentes costuma gerar
conflitos.
Quem já andou em um Fusca não precisa nem entrar em um Beetle para sacar que um não tem nada a ver com o outro. Ao contrário do original – feito para famílias, e com preço popular - o novo Fusca é um carro esporte e para a elite. Com preço na casa dos R$80 mil, concorre com o A1 e o MiniCooper.
Quem já andou em um Fusca não precisa nem entrar em um Beetle para sacar que um não tem nada a ver com o outro. Ao contrário do original – feito para famílias, e com preço popular - o novo Fusca é um carro esporte e para a elite. Com preço na casa dos R$80 mil, concorre com o A1 e o MiniCooper.
Nada
contra prestar homenagens e enaltecer o passado. O Beetle já foi lançado com
essa função. Mas não se pode perder de vista a essência de cada um dos carros.
E convenhamos que de Fusca, esse novo Fusca aí, não tem nada.
Cases de
sucesso – ou insucessos – à parte, deve-se atentar para a dificuldade que é criar
(e, principalmente, sustentar) um nome forte nos dias de hoje. Em uma realidade
em que há milhares de marcas já registradas, criar um nome realmente inovador é
um belo de um desafio. Mas mais difícil ainda é trabalhá-lo como um ativo da
empresa, e não reduzi-lo a uma assinatura em um anúncio qualquer.
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