Estamos encerrando mais uma eleição
no Brasil. Mais um show de civilidade do nosso
povo, show de organização e de logística. Enquanto nosso sistema político é
atrasado, sem inovação, com promessas de baciadas para o povão.
Já nosso sistema eleitoral é simplesmente
o máximo. Moderno, eficaz, de uma velocidade que surpreende a cada eleição.
Ontem 3 horas depois de fechada as urnas, o país já tinha a maioria dos resultados
fechados. Quase 500 mil candidatos a
prefeito e vereadores em mais de 5 mil municípios. São 135 milhões de
eleitores.
Outro fator importante que deve ser
considerado, é o montante de dinheiro que uma eleição dessa acaba envolvendo. A
estimativa é que só os gastos dos candidatos alcance o montante da casa dos 4
bilhões de reais. A campanha de prefeitos de grandes
cidades ou municípios estratégicos, com seus marqueteiros e programas de TV
realizados com a mais alta qualidade de produção, superam a casa dos R$ 40
milhões de reais cada uma.
É esse o ponto que deve ser
debatido transparentemente pela sociedade. Como é que um candidato pode gastar
essa fortuna, numa eleição em que tem 20 a 30% de probabilidade de ganhar?
Eles arriscam seu próprio dinheiro
para investir nas campanhas? Claro que não. Para conseguir essa verba,
políticos são obrigados a pedir e negociar com quem tem dinheiro e é esse o
maior mal da democracia brasileira. No primeiro dia de trabalho no novo cargo,
o político já tem milhões de reais de dívida a ser quitada. E isso torna-o
dependente de seus patrocinadores.
Quando eu trabalhava com Mario
Covas, ele vivia apregoando que a única solução é que a propaganda gratuita na
TV deveria ser realizada 100% em estúdio, ao vivo. Candidato e câmeras de TV.
Sem gastos. Sem produção. Sem musiquinha para crianças cantarem.
A cada eleição lembro dele e penso: Mestre Covas, o senhor estava certo. De novo.
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