quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Black Friday Brasil: Pague o dobro pela metade do preço


Artigo publicado no site Fala Fil, no dia 30 de novembro


Na última sexta-feira, 23 de novembro, os consumidores brasileiros foram surpreendidos com uma chuva de descontos em função da tal Black Friday. Promoções, preços baixos e liquidação em todos os setores do varejo. É certo que todo mundo gosta de pagar menos, mas a importação dessa data americana, apesar de camarada para os bolsos tupiniquins, gerou uma grande polêmica.
Nas redes sociais e na mídia, muitas pessoas escracharam o evento – condenando a adoção de uma data que não condiz nem um pouco com a cultura do país. O comentário é válido, mas um tanto quanto superficial. Afinal, a Black Friday não é muito diferente do que já acontece aqui, com o Halloween, por exemplo. O que quer dizer para nós, brasileiros, fazer esculturas de abóboras e pedir doces de porta em porta? Nada. Mas já está entre nós.
E o Papai Noel, então? Nossas decorações de Natal com neve para tudo quanto é lado? Para condizer com nossas terras tropicais o bom velhinho, no mínimo, deveria chegar sem aquele casaco pesado e botas, e botar no pé uma havaianas enquanto pilota uma charrete.
Acredito que é impossível parar a força do processo de globalização no mundo. Localidades, Estados, Continentes estão se aproximando e tornando-se cada vez mais parecidos, tudo acontecendo em alta velocidade. A cultura está sendo democratizada e socializada. Todos os países que se fecharam dentro do seu próprio universo, têm passado por crises econômicas e sociais. Veja o caso dos países muçulmanos, da China do passado, da Venezuela. Mais sintomático é a crise européia: enquanto alguns dizem que a união européia foi um problema, a maioria dos especialistas afirmam que o problema foi que a fusão foi rasa.
Fato é que o Black Friday não nos serve pra nada do ponto de vista cultural. Tanto quanto o Dia dos Namorados, por exemplo. Questionamentos conceituais são importantes e mostram que a sociedade está ligada – mas, do ponto de vista de negócio, também interessa entender os resultados.
Ao contrário das duas primeiras edições da Black Friday no Brasil, essa teve uma repercussão enorme e alcançou cifras relevantes: as vendas online nos 300 sites participantes somaram 217 milhões de reais no dia 23 de novembro – mais do que o dobro do ano passado. Sim, é incontestável o sucesso que o evento teve – e que trata-se de uma data promocional que veio para ficar.
Mas há ainda um terceiro aspecto que deve ser avaliado: o interesse do consumidor. Os valores de procura de compra e faturamento da data promocional confirmam que as pessoas gostaram da idéia. Mas teriam as empresas atendido adequadamente a esse anseio do consumidor? Parece que não. Queda de sites, maquiagem de promoções, descontos falsos. A versão brasileira da Black Friday teve vexame atrás de vexame. Tipo show de horror.
Marcas como WallMart, Saraiva, FastShop e Ponto Frio foram denunciadas no Procon, e o site Reclame Aqui registrou mais de 8 mil queixas de consumidores que tentaram – e não conseguiram – fazer compras em e-commerces.
O Busca Descontos, site responsável por organizar as promoções da Black Friday, disse que teve de retirar do ar mais de 500 ofertas maquiadas  – e que os responsáveis devem ficar de fora da próxima edição.
A frase mais repetida pelas redes sociais em relação a tudo que aconteceu na fatídica 6afeira resume bem a situação: “Black Friday Brasil: pague o dobro pela metade do preço”.
Essa crítica do mercado consumidor ao varejo brasileiro é justíssima, mas não se resume a essa data promocional – e sim ao mindset do varejo de países do terceiro mundo, onde os consumidores não tem eficiente mecanismos de defesa. Ao fazer a estupidez de aumentar preços para fingir que o desconto é mais atraente, os lojistas acabam desgastando o termo ‘desconto’ e perdem a credibilidade em promoções e liquidações. Com isso, acabam deixando de ter oportunidades reais de usar essas ferramentas comerciais importantíssimas.
Repetir a mesma estratégia no mundo online é de uma burrice sem tamanho. Com dois ou três cliques o consumidor confere as propostas e desmascara a Marca que o está iludindo. Nesse assunto, recomendo a leitura de outro artigo que escrevi para o Fala Fil:
Enfim, preços baixos são sempre bem-vindos, é claro. Mas fiquem de olho. Quando a esmola é demais, o santo desconfia.

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Para saber mais sobre a versão brasileira da Black Friday, recomendo a leitura do artigo publicado pelo Meio & Mensagem, no dia 14/12/12, neste link:

http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/noticias/2012/12/13/A-decepcionante-Black-Friday-brasileira.html

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Empresas Familiares: quem disse que família e empresa não podem progredir juntas?


Quando se fala em negócio de família, logo vem à mente um armazém, armarinho, ou uma pequena loja de sapatos. Mas quando o assunto é empresa familiar, imediatamente mudam as proporções: já se começa a pensar em empreendimentos de grande porte e até gigantes corporações  - como a Votorantim, à título de exemplo.

Qualquer que seja o tamanho da companhia, há uma imagem impregnada na cabeça das pessoas de que, quando se mistura business e parentes, não dá samba. Mas esta ideia não poderia estar mais fora realidade: dados comprovam que essa mistura improvável pode ser bastante positiva – e lucrativa.



Segundo estudo da consultoria PwC, no Brasil, mesmo em época de crise, 77% dos negócios em família tiveram crescimento no faturamento no último ano - número bastante acima da média mundial, que corresponde a 65%.

O principal fator de sucesso desse tipo de empresa? Sua capacidade de tomar decisões rapidamente. Sem as burocracias das grandes corporações, qualquer medida necessária é feita com muito mais velocidade, e não precisa ser pré-aprovada por cada-um-dos-muitos-departamentos.

Se a agilidade é um ponto positivo das companhias familiares, seu calcanhar de Aquiles é questão da sucessão. 60% dos donos deixarão o controle do negócio para seus filhos. E aí reside um grande risco.

Nem sempre as gerações seguintes têm a mesma competência e paixão dos pais. Ou, quando têm, esses recém-executivos podem ser bastantes perigosos: querem chegar e fazer grandes (e rápidas) transformações. Portanto, gerenciar bem a sucessão é elemento-chave para garantir a sobrevivência do business por mais uma geração.


Por fim, para acabar de vez com o preconceito contra empresas familiares há, ainda, um dado da McKinsey: a rentabilidade de companhias controladas por um mesmo clã é 3% maior do que as empresas profissionalizadas.

Se você é o feliz dono de alguma delas, seja de grande ou pequeno porte, se aposse da agilidade que tem para sair à frente  da concorrência.