Artigo publicado no site Fala Fil, no dia 30 de novembro
Na última sexta-feira, 23 de novembro, os consumidores brasileiros foram surpreendidos com uma chuva de descontos em função da tal Black Friday. Promoções, preços baixos e liquidação em todos os setores do varejo. É certo que todo mundo gosta de pagar menos, mas a importação dessa data americana, apesar de camarada para os bolsos tupiniquins, gerou uma grande polêmica.
Nas redes sociais e na mídia, muitas pessoas escracharam o evento – condenando a adoção de uma data que não condiz nem um pouco com a cultura do país. O comentário é válido, mas um tanto quanto superficial. Afinal, a Black Friday não é muito diferente do que já acontece aqui, com o Halloween, por exemplo. O que quer dizer para nós, brasileiros, fazer esculturas de abóboras e pedir doces de porta em porta? Nada. Mas já está entre nós.
E o Papai Noel, então? Nossas decorações de Natal com neve para tudo quanto é lado? Para condizer com nossas terras tropicais o bom velhinho, no mínimo, deveria chegar sem aquele casaco pesado e botas, e botar no pé uma havaianas enquanto pilota uma charrete.
Acredito que é impossível parar a força do processo de globalização no mundo. Localidades, Estados, Continentes estão se aproximando e tornando-se cada vez mais parecidos, tudo acontecendo em alta velocidade. A cultura está sendo democratizada e socializada. Todos os países que se fecharam dentro do seu próprio universo, têm passado por crises econômicas e sociais. Veja o caso dos países muçulmanos, da China do passado, da Venezuela. Mais sintomático é a crise européia: enquanto alguns dizem que a união européia foi um problema, a maioria dos especialistas afirmam que o problema foi que a fusão foi rasa.
Fato é que o Black Friday não nos serve pra nada do ponto de vista cultural. Tanto quanto o Dia dos Namorados, por exemplo. Questionamentos conceituais são importantes e mostram que a sociedade está ligada – mas, do ponto de vista de negócio, também interessa entender os resultados.
Ao contrário das duas primeiras edições da Black Friday no Brasil, essa teve uma repercussão enorme e alcançou cifras relevantes: as vendas online nos 300 sites participantes somaram 217 milhões de reais no dia 23 de novembro – mais do que o dobro do ano passado. Sim, é incontestável o sucesso que o evento teve – e que trata-se de uma data promocional que veio para ficar.
Mas há ainda um terceiro aspecto que deve ser avaliado: o interesse do consumidor. Os valores de procura de compra e faturamento da data promocional confirmam que as pessoas gostaram da idéia. Mas teriam as empresas atendido adequadamente a esse anseio do consumidor? Parece que não. Queda de sites, maquiagem de promoções, descontos falsos. A versão brasileira da Black Friday teve vexame atrás de vexame. Tipo show de horror.
Marcas como WallMart, Saraiva, FastShop e Ponto Frio foram denunciadas no Procon, e o site Reclame Aqui registrou mais de 8 mil queixas de consumidores que tentaram – e não conseguiram – fazer compras em e-commerces.
O Busca Descontos, site responsável por organizar as promoções da Black Friday, disse que teve de retirar do ar mais de 500 ofertas maquiadas – e que os responsáveis devem ficar de fora da próxima edição.
A frase mais repetida pelas redes sociais em relação a tudo que aconteceu na fatídica 6afeira resume bem a situação: “Black Friday Brasil: pague o dobro pela metade do preço”.
Essa crítica do mercado consumidor ao varejo brasileiro é justíssima, mas não se resume a essa data promocional – e sim ao mindset do varejo de países do terceiro mundo, onde os consumidores não tem eficiente mecanismos de defesa. Ao fazer a estupidez de aumentar preços para fingir que o desconto é mais atraente, os lojistas acabam desgastando o termo ‘desconto’ e perdem a credibilidade em promoções e liquidações. Com isso, acabam deixando de ter oportunidades reais de usar essas ferramentas comerciais importantíssimas.
Repetir a mesma estratégia no mundo online é de uma burrice sem tamanho. Com dois ou três cliques o consumidor confere as propostas e desmascara a Marca que o está iludindo. Nesse assunto, recomendo a leitura de outro artigo que escrevi para o Fala Fil:
Enfim, preços baixos são sempre bem-vindos, é claro. Mas fiquem de olho. Quando a esmola é demais, o santo desconfia.
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Para saber mais sobre a versão brasileira da Black Friday, recomendo a leitura do artigo publicado pelo Meio & Mensagem, no dia 14/12/12, neste link:
http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/noticias/2012/12/13/A-decepcionante-Black-Friday-brasileira.html
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Para saber mais sobre a versão brasileira da Black Friday, recomendo a leitura do artigo publicado pelo Meio & Mensagem, no dia 14/12/12, neste link:
http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/noticias/2012/12/13/A-decepcionante-Black-Friday-brasileira.html