Aqueles que convivem comigo já me ouviram falar que, se eu sonhasse que era o Presidente da República, investiria toda grana do governo para crescer em duas áreas: indústria da construção civil (que emprega pessoas com perfil educacional mais baixo) e na indústria do turismo (que apenas engatinha no país e que pode gerar milhões de novas oportunidades, em áreas geográficas bem dispersas).
Aos trancos e barrancos a indústria da construção civil vai crescendo. Apesar dos Governos, que em geral mais atrapalham do que ajudam. Mas no Turismo temos um fato que pode se transformar num início de trabalho profissional do Governo, no sentido de criar referências sólidas para o crescimento de uma indústria moderna e muito lucrativa pra sociedade.
A marca Brasil, criada pelo Ministério do Turismo, está completando 5 anos no mês de março. Ela foi estruturada no Projeto Aquarela, da EMBRATUR, que recentemente foi publicado planejando suas metas para os próximos dez anos. O simples fato do conceito de ‘marca’ ser o pilar do projeto, já indica uma forma moderna de interpretar o problema. É isso mesmo, a problemática da indústria do turismo é tipicamente para ser tratada a partir de diagnósticos de BRANDING. Há até um um nome específico para tratar esse tipo de job: PLACE BRANDING. A maioria das cidades, países e locais turísticos do mundo terão que ter seus projetos de place branding. Leia sobre http://en.wikipedia.org/wiki/Place_branding
Dimensão do mercado: A receita do mercado brasileiro de turismo só tem crescido. As mais recentes informações do anuário estatístico do Ministério do Turismo (2009) afirmam que, em 2008, a receita do Brasil foi de 5,8 bilhões de dólares, 16,8% a mais do que no ano anterior.
Isto é bastante animador, mas não podemos esquecer que estamos muitíssimo distantes dos resultados das grandes economias mundiais: os EUA, por exemplo, com o título de maior receita de turismo do mundo, faturou, US$ 110,1 bilhões, no mesmo período, conforme relatório UNWTO Tourism Highlights de 2009.
Uso uma métrica básica, o mercado brasileiro é de 1/6 a 1/10 do mercado norte-americano. Se minha experiência não estiver falhando, significa que a indústria do turismo deveria faturar no mínimo o DOBRO do que fatura atualmente.
O que é o projeto? É um conjunto de metas e estratégias de comunicação voltadas para o exterior, que visa consolidar de uma vez por todas, o Brasil como um dos principais destinos turísticos do mundo. E que depois das definições da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, terá seus horizontes agigantados.
Só para se ter uma idéia do impacto que pode representar esses eventos, a Copa do Mundo alcança uma audiência global de 30 bilhões de impactos em quase 5 bilhões de espectadores. Se 1 em cada 10.000 vier ao Brasil e gastar U$ 100 numa semana, dobramos a receita do país com turismo.
A Embratur disponibilizou para 2010 uma verba de R$ 140 milhões, o que representa um aumento de 50%, se comparado ao ano passado. Esta verba é para a gestão de toda marca Brasil, o que significa investimento em promoções, relações públicas, publicidade, eventos e treinamento, entre outras áreas. É bem pequena se for considerada que é para o mercado mundial.
Em toda comunicação Brasil é sempre escrito com “S”, sem sofrer alterações locais e a palavra “Sensacional” é sempre seu slogan que, aí sim, tem sua língua alterada conforme o País em questão. Mas todas as ações são adequadas à cultura de cada país. Por exemplo: não se diz a um japonês vir ao Brasil para tomar sol, já que as pesquisas apontam que eles apreciam justamente o contrário.
A marca Brasil é introduzida nos mercados pela internet e, nos países prioritários, a estratégia de comunicação se dá por 3 públicos: os operadores e agentes de turismo, o consumidor final e a imprensa. Veja Filme de 1 min Filme de 7 min
Resultados: Já existem 2 alvos alcançados: 1) o recall da marca cresceu de 11% para 20% entre 2006 e 2009, fantástico crescimento e 2) o país tem se distanciado cada vez mais da imagem de destino exótico para os estrangeiros.
Segundo Jeanine Pires, Presidente da Embratur, detalha em entrevista para Meio e Mensagem, de todo clipping oriundo de 11 países, do total de notícias relacionadas ao Brasil no exterior, 27% tem conotações positivas. É muito alto quando se sabe que entre 60 e 70% das notícias costumam ser neutras.
É um começo. Promissor. Não tenham dúvida nenhuma de que a indústria do turismo vai ter um crescimento excepcional no Brasil nessa próxima década. É uma indústria sadia, pois gera muito emprego, distribuídos por boa parte do território do país. Um setor que abre oportunidades de surgimento de novos negócios de pequenos e médios empreendedores. É uma atividade econômica que trabalha uma atenção maior com o princípio da preservacão da natureza.
O turismo ainda vai dar grandes alegrias aos brasileiros.
É justo. Por sua natural forma de ser, os brasileiros dão muitas alegrias aos turistas.
Muito interessante este post. Além de bem escrito o tema é excelente.
ResponderExcluirParabéns, Luis Grottera!
O Brasil parece realmente estar na direção correta no que tange a promoção do país no exterior.
Com certeza, há gargalos que podem e precisam ser revistos, afinal sempre é possível melhorar. Tenho a impressão que é isso que está acontencedo.
Os números apresentados indicam esse fato, além da fácil percepção que temos de como o "Brasil" é adorado e desejado pelos estrangeiros cada vez mais.
Essa marca Brasil, foi fonte inspiradora de outras marcas. Que orgulho do nosso país, neh?!
O que me intriga é que as criticas mais severas e, muitas vezes, sem fundamento são originadas de brasileiros que acreditam que o "bom" é o que acontece e está fora Brasil.
Nessa última semana a Embratur lançou seu BrandChannel em parceria com o Google. Trata-se de um case internacional inédito.
Alguém algum dia imaginaria que isso poderia acontecer no Brasil? Por uma instituição governamental?
Na verdade, eu sempre acreditei no potencial imensurável do nosso país, do nosso povo.
Como o Luis Grottera mesmo disse: "O turismo ainda vai dar grandes alegrias aos brasileiros."
E o responsável por isso, quem é? O Governo? A iniciativa Privada? Nossas belezas naturais? Nossas tecnologias? Nosso povo?
Penso que é um mix desses pontos, adicionado de outro que ainda pouco se explora: o "Orgulho de ser brasileiro".
Até a Copa do Mundo e as Olimpíadas que acontecerão no Brasil, teremos tempo suficiente para aprender e melhorar muito.
Como sempre digo... "vamo q vamo"
Há anos atrás, meu TCC foi sobre marcas de cidade, especificamente a marca Maceió. A marca Maceió em situação regional, é mais ou menos como a marca Brasil, tem um produto que poderia ser nota 10, com um fluxo realmente significativo frente aos concorrentes, mas não tem. Tem problemas com comunicação, com preparação do trade turístico, é um micro-exemplo de Brasil.
ResponderExcluirPeguei o desenvolvimento da Marca Brasil ainda bem no começo. Não sei se você sabe, mas a consultoria idealizadora e responsável pelo projeto é a mesma do projeto que levou a Espanha ao topo do turismo internacional.
E o projeto tem muitas semelhanças, como inclusive o uso de Olimpíadas e Copa para tornar o destino mais conhecido, gastando muito menos do que o necessário.
Voltando para Maceió, aqui as coisas são tão difíceis, que nem mesmo a competente Jeanine Pires - que é daqui e esteve à frente da Enturma - deu jeito. Prova que não era sua culpa, que está onde está.
Ótimo post. Abraço,
Ramatis.
www.twitter.com/ramasix
Um dia me disseram que um blog é tão bom quanto a qualidade dos comentários que recebe. Se for isso, tô bem!!! Obrigado pelos comentários @ramasix e @heberrr
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirVerdade, o turismo tem muito a crescer. O Brasil é lindo!
Mas, verdade tbm que precisamos oferecer mais profissionalismo nos setores de turismo. Desde o ingles dos frentistas nos postos de gasolina ate web sites de qualidade para o turistas...
Espero que as melhorias aconteçam!
Bjs,
Fe
Luis,
ResponderExcluirConcordo com você. Este projeto desempenha um papel fundamental para posicionar a marca Brasil com todo charme e potencial de negócio que nós, brasileiros, sabemos que há. Acredito que este projeto foi e continua sendo uma das melhores estratégias criadas por um governo nos últimos anos.
Mas, como viajo pelo nosso país, percebo que falta muito preparo e principalmente honestidade em muitas regiões. É fácil ver o povo se aproveitando de turistas estrangeiros, enganando, cobrando três vezes mais. Enfim, é falta de visão a longo prazo, da própria sustentabilidade do negócio.
A marca Brasil pode estar colorida e gerando frutos, mas a grande questão é a recompra. Será que os turistas voltam ou recomendam a viagem?Abraço e sucesso!!!